A gaivota voa livre, sem se preocupar em deixar rasto… nem que seja o rasto ténuo como o deixado pela tinta espalhada no papel que correu a veia da caneta, que transpira o risco de, quem sabe um dia, ser lida…
A gaivota não quer deixar rasto…
Não me parece que é por medo do compromisso, mas por ódio à saudade! O rasto leva à lembrança e esta conduz à saudade!
Para a gaivota nunca é tarde… nunca é tarde para navegar, para caminhar, para olhar… simplesmente para olhar…
Para a gaivota a saudade é o futuro, o sonho é o ar que respira, olhar é sentir, navegar é o vento, o sol, a tempestade, a bonança, é a vida.
Para a gaivota ver os outros na azafama do dia-a-dia é a sua sesta, ver os outros a vegetar é o seu tormento, a sua dor de cabeça, a evasão de um espaço que é seu por direito.
As crianças divertem-se e a gaivota sorri, a ver os filhos dos outros, que nunca serão seus, mas para quem ela tem muito para dar e ensinar…
Quem me dera ser gaivota! Nunca é tarde…
Sugestão de leitura: Agora nunca é tarde de Pedro Barroso
1 comentários:
Rastos…. Saudades …. Marcas….tatuagens …. Fazem parte do voo de cada ave … de cada gaivota.
Não sei se o voo é grande ou pequeno. Forte ou frágil. Acredito na grandeza e na dignidade de cada partida e de cada chegada . No entanto, vejo-lhe a fragilidade. De um voo que se afecta, que procura e que deseja ser mais do que é, mesmo que as vezes ele não saiba como fazê-lo.
…Mas, é grande a vida e cheia de espaços, e considero que cada ave deve emanar todo o seu esplendor e rasgar os céus e…. e deixar a saudade …. De quem a beleza afectou o olhar …Porque será sempre o voo mais audaz mais delicado e mais sentido que iremos recordar, o medo transforma-se num peso incapaz de fazer qualquer ave levantar voo .
Embora, a grandeza de cada voo nos abrace a todos, sabemos que a fragilidade que nos causa faz-nos sentir medo de sentir… E na vida são mais seguros os pequenos voos do que trabalhar e planejar os grandes…… voos …
Por isso gostava de encontrar em cada ave e em cada vida, a força e o poder que ela esconde. O respeito por ela, pela verdade e por aquilo que ela me tem a dizer.
Mesmo que seja óbvio e natural, deve ser dito e mostrado. Que o lado absoluto da vida não menospreze os encontros relativos que tenhamos ao longo da nossa vida. E que não sejamos juízes de “voos” , se não tivermos a coragem e a ousadia de experimentar voar um dia…
Diante dela, da vida, só posso agradecer por aqueles que a têm revelado na força da sua fragilidade.
" A gaivota voa...nunca é tarde!"
:)bonito... são "estes" retalhos de palavras, de pensamentos que me marcam sempre e me completam sem que eu me aperceba.
*sugestão de musica "Chuva " Mariza ;)
Anabela
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